Passei toda a minha infância rodeada e acompanhada de homens: irmãos homens, primos homens, e nos logradouros de Alvalade também era tudo bons rapazes... Só rapazes, bem mais velhos, e eu, uma espécie de mascote preciosa, talismã da sorte, a protegida.
Os homens da minha infância deixaram-me entrar no seu mundo desde tenra idade. E eu nunca mais de lá saí. Faço parte de uma irmandade subjacente a ter um penduricalho entre as pernas. Não tenho um, mas deixaram-me lá ficar; era pequenina, inofensiva. Com isso ganhei um vocabulário de carroceiro, fui usada como isco e distracção para roubarem Ginas, chocolates e pastilhas e outras pilantragens. Mas protegeram-me sempre. A verdade é que a rapaziada me passou regras de amizade e camardagem bem simples, que poucas mulheres entendem.
Jamais, e em tempo algum, fui Maria-Rapaz, mas os rapazes incutiram-me o código da rua proibe todas as calúnias menos chamar nomes às mães (tão simples quanto isso).
São os meus melhores amigos. Ainda hoje lido muito melhor com o universo masculino, e sinto-me muito homem (apesar das mamocas generosas que quatro gravidezes me deram como recompensa).
Devo muito aos homens da minha infância (incluindo o meu irmão mais velho) e depois aos homens da minha idade adulta, mas acalentei sempre o sonho de ter uma irmã, alguém com quem dividir o quarto, paixões assolapadas, dramas existenciais, e a gilette das pernas.
Ganhei três irmãs quando casei com o João. Duas ruivas uma morena. A Joana é a mais nova - mana linda-amuleto da sorte, que me deu o sobrinho mais delicioso do mundo que, aos cinco anos, passa horas ao telefone, contando-me todas as suas tagarelices da semana (vai ser jornalista ou assessor de imprensa como a tia).
A Joana é a mana que eu sempre pedi.
Ela acabou agora o curso de Educadora de Infância e luta por uma oportunidade de trabalho.
Tem já um currículo e experiência invejáveis: criou duas gémeas desde a nascença (até ingressarem no jardim de infância), enquanto tirava o curso superior, tem experiência em ATL e campos de férias.
Enquanto (ainda por pouco tempo) continua a engrossar as estatísticas do IEFP e do INE, decidiu oferecer os seus serviços de babysitter.
E é uma honra para mim poder ser a primeira a falar dos serviços da Joana e a recomendá-los: foi a esta menina que entreguei e confiei os meus filhos, pela primeira vez na vida, durante a semana inteira que estive, este Verão, na Noruega. Os miúdos até ficaram tristes quando regressámos.
Aqui fica o serviço público. Usem e abusem, pais. É à garantia.
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