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segunda-feira, 9 de março de 2015

I'm not a morning person

Isaura: Oi? Foto: A Família Numerosa


Anos a fio a odiar as manhãs. Feito gato laranja gorducho devorador de lasanhas, eu passei décadas da minha vida sem carburar como deve de ser durante as primeiras horas do dia. 
Esta aversão matinal transcendia o mau acordar. Porque, na realidade, sempre tive bons acordares - o despertador toca e eu pareço impulsionda da cama por uma daquelas molas celebrizadas nos desenhos animados.

Depois do calvário do meu percurso no ensino superior, que se iniciava no alto de uma colina de Benfica logo pelas oito da manhã (e que, por isso, muito sofreu por esta minha incapacidade física de funcionar de manhã) levei uma década boa de jornalista, com o dia a começar preguiçoso e tardiamente, respeitando o meu ritmo biológico e os meus sonos de beleza.


E depois aconteceu-me isto: as manhãs passaram a ser os momentos mais preciosos de todos.
Primeiro, aquele momento de paz e luz antes de o dia começar. Deixo-me invadir por aquele silêncio, mesmo que a gata Farrusca já me esteja a pressionar como uma sombra por uma saquera da Whiskas.

E depois começa o dua com os caracóis desalinhados da Aurora; os olhos inchadíssimos e azuis da Carolina em piloto-automático a passear-se com uma malga de cereais. Há as caretas mimosas e o bajulanço do António a pedir-me mais cinco minutos e abraços. Os primeiros sorrisos da Isaura ou os barulhinhos que faz quando está quase quase a despertar. Eu de pés descalços - sempre de pés descalços - a dar os bons dias ao João, com o romrom da máquina do café em surdina.

Acordo com as galinhas.
E agora sou um misto de mãe galinha e galo vaidoso, grato por cada alvorada.

Aurora: Ela berra mas eu não desfaço a pose. Foto: A Família Numerosa

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